quarta-feira, maio 23, 2007
terça-feira, maio 22, 2007
Parabéns...
Lembro-me de um dia em que apontámos o céu e estavas lá, reluzente, brilhando para nós e por nós.
Sorrimos meio acanhados, talvez envergonhados por tão poucas vezes olharmos o céu daquela forma, por tão poucas vezes termos tanta certeza da tua presença...
Não sei...
Crianças, de uma inocência ainda não perdida... E os olhos que teimam em ficar brilhantes, inundados de lágrimas que insistem em não cair... Porque a inocência vai-se perdendo e há vergonha de derramar uma lágrima na presença dos demais...
Hoje o céu está mais iluminado, são duas as estrelas que brilham por nós e para nós...
As memórias que não se apagam, os tempos que ainda despoletam um sorriso mais luminoso, porque só os bons momentos merecem ser recordados...
Paz. Promete-me que estás em Paz.
Que existam sempre Girassóis em todas as janelas.
Parabéns Mã.
Parabéns, querida Estrelinha!
BALADA DA NEVE
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria... .
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza .
e cai no meu coração.
Verde
E naquela terra seca, nua, queimada pelo sol e pelo cansaço, caiu uma gota de chuva.
Queres falar?
E uma pincelada de verde veio desequilibrar a harmonia monocromática aparente.
Damos um passeio? Apetece-me dar-te a mão.
E a Vida recomeçou. E seguiram-se outras pinceladas. E outras gotas de chuva encharcaram a terra. E veio o Inverno. Depois a Primavera.