terça-feira, maio 22, 2007

Parabéns, querida Estrelinha!

Para ti, Estrelinha:

BALADA DA NEVE

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria... .
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza .
e cai no meu coração.


Já esqueci algumas palavras, mas agora sei outras... Sei que continuas a escutá-las, com a infinita candura que é a tua. Sei que continuas a brilhar onde o caminho parece mais negro e a velar, discreta, quando o sol reaparece e se apodera do céu. Continuo até imaginar-te a falar da menina, aos anjos que te acompanham agora... E a elogiar o menino, com o teu sorriso, tão único, tão teu... E a decorar o céu com cores alegres até altas horas da noite, a colar-lhe nuvens e pássaros de vários tamanhos, a desenhar com cuidado as linhas do arco-íris.... Porque nunca te cansaste da beleza e da rectidão. Porque não saberias descansar, sem que a perfeição reinasse à tua volta. Por isso, sofreste aqui. Por isso, és Feliz agora.
Com um girassol na minha janela...




1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Conhecia a "música" desta Balada mas não sabia que se chamava assim.

22 é um dia curioso, daqueles que se lêem da mesma forma de trás para a frente e da frente para trás.

Mas... também pode ser um dia precioso.

1.6.2007

8:24 da tarde  

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