sábado, abril 01, 2006

fronteiras...

O mundo é feito de fronteiras. Insistimos em proteger-nos dos nossos semelhantes com barreiras. Criamos fronteiras para impedir que os povos se misturem, erguimos cercas para que não invadam o nosso espaço. Tentamos, sem sucesso, criar uma redoma de barro para nos protegermos.
Eu não tenho um sonho como Luther King, tenho vários.
E um deles é o exterminio dessas fronteiras que todos os dias se erguem. Mas é um sonho completamente utópico (passo a redundância), a todos os segundos criamos, voluntariamente, tais barreiras. Deixamos de acreditar nas pessoas e acabamos por deixar de acreditar em nós próprios.
Decidimos, como se tivessemos uma sapiência extraordinária, que é melhor transparecer indiferença perante os demais com um medo voraz de nos magoarmos, e passamos os nossos dias assim até descobrirmos que nos magoamos mais ainda na nossa redoma de barro. Mas nada podemos aprender se não o quisermos, o conhecimento não se ensina, dá-se a conhecer.
Projectamos uma solidão que ninguém pode acalmar, é uma porta fechada por nós e da qual somente nós temos a chave. Mas insistimos em deixar a chave no seu devido lugar em vez de a utilizar. Para onde caminha a humanidade? Para uma multidão de autómatos envoltos numa máscara fria e impessoal sem valores, sem "visão", certamente.

Ainda acredito nas pessoas, talvez mais um sonho vão, fruto da minha tenra adolescência, mas acredito que há sempre uma fenda no barro, pronta a ser descoberta, e um ser magnifico no interior desta redoma, à espera de ser encontrado...