Um dia na praia
Um dia, houve um grande banquete. Era o casamento real. Convidaram-se as estrelas do mar e as estrelas do céu; convidaram-se o vento e as nuvens; vieram também a areia da praia e as rochas, enfeitadas de lindas conchas e seixos coloridos. Todos os convidados chegaram à hora marcada, munidos de ricos presentes para os noivos. Tornava-se difícil caminhar entre os pacotes embrulhados em papéis brilhantes e longas fitas douradas, prateadas e vermelhas, contendo presentes tão originais e raros, como boa sorte, felicidade e amizade eterna. Todos queriam oferecer o melhor presente, mas ninguém conseguia decidir se a boa sorte, trazida pelo vento, era melhor que a felicidade, oferta das estrelas do céu. E o que dizer da amizade eterna, que as nuvens haviam decidido de oferecer ao casal? Enfim, todos os presentes contribuiriam para tornar a união real maravilhosa e eternamente feliz.
Esperava-se, então, a chegada dos noivos. Junto ao altar, sereias de cabelos cor-de-rosa entoavam cânticos matrimoniais, enquanto golfinhos sorridentes executavam a dança do Amor. Os padrinhos, prontos para abençoar esta união, aguardavam silenciosa e compenetradamente os futuros afilhados, prestes a celebrar o momento mágico que se tornaria num momento perpetuado a cada minuto da vida futura do casal. Vestido de azul, sóbrio, imponente como habitualmente, o mar dava o braço à madrinha, deixando que as ondas do seu melhor fato bailassem, deixando vislumbrar riquíssimas sedas vindas de longe e executadas com a melhor espuma do reino. A madrinha, orgulhosa, trazia um vestido bege, todo ele reflectindo luz e magia. De sorriso enigmático, a Lua pousava para os flashes que o céu negro daquela noite mágica não parava de disparar, muito concentrado no seu trabalho de fotógrafo exclusivo do evento.
Tudo estava pronto. Os noivos, como era tradição, chegariam juntos. O sim que consumaria o acto matrimonial deveria ser pronunciado também em simultâneo e a promessa de Amor e fidelidade eternos seria feita aos padrinhos que, enquanto anciãos do reino, eram os únicos a poder confirmar este desejo mútuo do casal.
Finalmente, sentiu-se o fru-fru dos folhos do vestido da areia da praia. Ao longe, avistava-se já a carruagem dos noivos, puxada por quatros majestosos cavalos marinhos. Já na praia, os noivos desceram da carruagem, ajudados por um jovem peixe-pagem e caminharam, exibindo um sorriso feliz, sobre o tapete de pétalas de rosa vermelhas, preparado na noite anterior pelo vento e pela brisa.
Estavam encantadores. A beleza deste casamento estava no contraste entre os dois, unidos num Amor que não compreendiam, mas que aceitavam, pois o destino deles era aquele. Ele, alto, decidido, com um sorriso de menino e pele morena como a noite, Amava-a mais do que à própria vida. Ela, protegida ao seu lado, indecisa, mas ingénua, com um sorriso de menina e pele branca como o dia, Amava-o, mas não sabia.
Tinham-se conhecido naquela praia. Num momento de loucura, amaram-se sobre a areia quente daquela noite de Verão e ficaram condenados ao casamento, pois tinham sido observados pela malícia de um passageiro fortuito.
Agora, a praia preparava-se para acolhê-los, mais uma vez. Ela queria fugir dali. Ele queria-a ao seu lado. Mas, Amavam-se. Amavam-se, para além do Amor. Ela tinha medo. Ele não. Mas Amavam-se.
Já se passaram alguns anos depois do casamento real. A vida dos dois amantes tornou-se difícil, com o passar do tempo. Não sabem porquê, mas desconfiam. Ela aconselhou-se com a madrinha, que a convidou a passar algum tempo com ela. Nesta estadia em casa da Lua, ela descobriu que o verdadeiro Amor não aceita o medo. A madrinha ensinou-lhe a desbravar o terreno das incertezas, das lutas internas e da desconfiança, para que aí possam crescer lindas papoilas vermelhas, como o Amor. Este Amor que ela sentia, mas que não sabia desmonstrar. Este Amor por aquele sorriso de menino que deixou de mostrar-se. Este Amor por aquela pele morena, cor da noite; noite onde se Amaram pela primeira vez. Ela aprendeu e quis voltar para junto dele, dizer-lhe o quanto o Amava e pedir-lhe perdão.
Mas, ao regressar ao palácio, ele já lá não estava.
A praia ainda lá está... Debaixo da areia da praia, varrida tantas vezes pelo vento, ainda estão os restos do banquete real - sonhos, projectos e desejos em comum... O mar tornou-se distante, já nem fala com as rochas que, ao longo da praia, também deixaram de sorrir. As estrelas do mar desapareceram e as estrelas do céu já quase não brilham. A Lua fechou-se em casa. Às vezes aparece, mas espreitando pela abertura da porta, mas nunca mais ninguém a viu cheia, tão plena de luz como antes.
A praia encheu-se de tristeza.
O coração dela também.
Dele, nada se sabe.
Voltará o sol ainda a brilhar naquele reino?
Esperava-se, então, a chegada dos noivos. Junto ao altar, sereias de cabelos cor-de-rosa entoavam cânticos matrimoniais, enquanto golfinhos sorridentes executavam a dança do Amor. Os padrinhos, prontos para abençoar esta união, aguardavam silenciosa e compenetradamente os futuros afilhados, prestes a celebrar o momento mágico que se tornaria num momento perpetuado a cada minuto da vida futura do casal. Vestido de azul, sóbrio, imponente como habitualmente, o mar dava o braço à madrinha, deixando que as ondas do seu melhor fato bailassem, deixando vislumbrar riquíssimas sedas vindas de longe e executadas com a melhor espuma do reino. A madrinha, orgulhosa, trazia um vestido bege, todo ele reflectindo luz e magia. De sorriso enigmático, a Lua pousava para os flashes que o céu negro daquela noite mágica não parava de disparar, muito concentrado no seu trabalho de fotógrafo exclusivo do evento.
Tudo estava pronto. Os noivos, como era tradição, chegariam juntos. O sim que consumaria o acto matrimonial deveria ser pronunciado também em simultâneo e a promessa de Amor e fidelidade eternos seria feita aos padrinhos que, enquanto anciãos do reino, eram os únicos a poder confirmar este desejo mútuo do casal.
Finalmente, sentiu-se o fru-fru dos folhos do vestido da areia da praia. Ao longe, avistava-se já a carruagem dos noivos, puxada por quatros majestosos cavalos marinhos. Já na praia, os noivos desceram da carruagem, ajudados por um jovem peixe-pagem e caminharam, exibindo um sorriso feliz, sobre o tapete de pétalas de rosa vermelhas, preparado na noite anterior pelo vento e pela brisa.
Estavam encantadores. A beleza deste casamento estava no contraste entre os dois, unidos num Amor que não compreendiam, mas que aceitavam, pois o destino deles era aquele. Ele, alto, decidido, com um sorriso de menino e pele morena como a noite, Amava-a mais do que à própria vida. Ela, protegida ao seu lado, indecisa, mas ingénua, com um sorriso de menina e pele branca como o dia, Amava-o, mas não sabia.
Tinham-se conhecido naquela praia. Num momento de loucura, amaram-se sobre a areia quente daquela noite de Verão e ficaram condenados ao casamento, pois tinham sido observados pela malícia de um passageiro fortuito.
Agora, a praia preparava-se para acolhê-los, mais uma vez. Ela queria fugir dali. Ele queria-a ao seu lado. Mas, Amavam-se. Amavam-se, para além do Amor. Ela tinha medo. Ele não. Mas Amavam-se.
Já se passaram alguns anos depois do casamento real. A vida dos dois amantes tornou-se difícil, com o passar do tempo. Não sabem porquê, mas desconfiam. Ela aconselhou-se com a madrinha, que a convidou a passar algum tempo com ela. Nesta estadia em casa da Lua, ela descobriu que o verdadeiro Amor não aceita o medo. A madrinha ensinou-lhe a desbravar o terreno das incertezas, das lutas internas e da desconfiança, para que aí possam crescer lindas papoilas vermelhas, como o Amor. Este Amor que ela sentia, mas que não sabia desmonstrar. Este Amor por aquele sorriso de menino que deixou de mostrar-se. Este Amor por aquela pele morena, cor da noite; noite onde se Amaram pela primeira vez. Ela aprendeu e quis voltar para junto dele, dizer-lhe o quanto o Amava e pedir-lhe perdão.
Mas, ao regressar ao palácio, ele já lá não estava.
A praia ainda lá está... Debaixo da areia da praia, varrida tantas vezes pelo vento, ainda estão os restos do banquete real - sonhos, projectos e desejos em comum... O mar tornou-se distante, já nem fala com as rochas que, ao longo da praia, também deixaram de sorrir. As estrelas do mar desapareceram e as estrelas do céu já quase não brilham. A Lua fechou-se em casa. Às vezes aparece, mas espreitando pela abertura da porta, mas nunca mais ninguém a viu cheia, tão plena de luz como antes.
A praia encheu-se de tristeza.
O coração dela também.
Dele, nada se sabe.
Voltará o sol ainda a brilhar naquele reino?
2 Comments:
Talvez um dia...
É que ouvi um dia dizer que o Mundo é redondo e o Amor só acontece uma vez...
Acreditei!
Tu e a tua mania de me encheres os olhos de lágrimas! Já em pequenino eras assim, quando rasgavas as minhas cadernetas de cromos e maltratavas as minhas Barbies... Que coisa!
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