quarta-feira, janeiro 03, 2007

A roda gigante

- "Olha a roda gigante!" - exclamou o menino, ainda a arfar. Faces rosadas, algodão doce numa mão e sonhos na outra, ele saltitava de carrossel em carrossel, soltava gritinhos contentes e abraçava o pai sempre que regressava de mais uma viagem às estrelas, a uma arena de circo, a uma casa assombrada... Não sentia o cansaço nem a desilusão. Sacudia o pó da estrada, depois de uma longa caminhada a cavalo e lançava-se com o mesmo entusiasmo numa corrida de carros. E era assim todos os anos. Até à roda gigante.
Não tinha a estatura necessária para poder aventurar-se nela, mas gostava de fitá-la e imaginar-se a tocar nas nuvens com a ponta dos dedos e a dizer adeus aos anjos que se escondiam em cima delas. Às vezes, conseguia ver a ponta do pé de um destes meninos alados e sorria, prometendo-lhe em silêncio que, um dia, ainda havia de brincar com ele. O pai abraçava-o, chamando-o à realidade:
-"E o mundo gira, como a roda gigante. E vamos todos lá dentro, sufocados pela altitude, mas maravilhados com a beleza deste céu, onde nos é possível tocar com a ponta do nariz de tempos a tempos. Respiramos o ar puro, brincamos com os anjos, atiramos bolas de nuvem uns aos outros, escorregamos nos raios de sol. Depois, voltamos a descer, a bordo da roda gigante. Não faz mal, pois há sempre um regresso. Mais uma subida, mais uma volta, mais um rasgo de felicidade..."

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

mais do q comentar o texto, mt mais q isso, estou a saudar o teu/ vosso regresso. :)

2:33 da tarde  
Blogger Lígia Mendes said...

Já me fazia falta... ;)

8:53 da tarde  

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