Ciclos
A dor de perceber o ciclo da Vida, este ciclo que nos arranca do chão e nos obriga a encarar o rosto que tentamos esconder, cobrindo o nosso espelho interior com pedaços de tecido grosso, arrancado à sociedade, aos costumes, às tradições e, pior, aos nossos medos, verdadeiros fantasmas que nos bloqueiam cada passo. Ah, como dói ser arrancado do chão! Assustar-se com o bater do coração, perceber que está tudo errado e que não devia ter sido assim, mas foi. Perceber que fomos marionetas desses fantasmas, mas marionetas voluntárias, limintando a um sorriso a resposta que a Vida nos exige. Perceber que saír do ciclo é difícil e que aí permanecer é ainda mais doloroso.
Li o meu último post. Tanta esperança. Tanta alegria.
Mas, já passou tanto tempo. O fim-de-semana deixou-me um gosto amargo na boca. Gosto de saudade, de dor, de profundo sofrimento. Observar uma existência que se esfuma, que apodrece, que petrifica. E não poder fazer nada. E não saber o que fazer. E deixar as lágrimas correr, pois não há alternativa. E adormecer a rezar. E perceber que é o fim. E assistir a esse fim. E, apesar de tudo, amar, mas não poder fazer nada. E carregar no Play e vêr sempre o mesmo filme. Porquê? Porquê esta miserabilidade persistente? Porquê este desgosto de tudo? Porquê esta energia que se espalha e deixa um rasto de destruição, de cinza, de fumo, qual vulcão avassalador que tudo engole?
Calo-me. Há coisas que não se podem dizer. Nem a escrita me ajuda.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home