Michel de Montaigne
Hoje, o dia começou cedo, mas bem. 5h. Michel de Montaigne. Penso que já me referi a ele num post qualquer, mas sempre que leio algo deste filósofo, sinto que, algures no tempo, eu e ele já fomos um só. Enfim, possivelmente, são apenas devaneios de quem acordou de madrugada, mas já não é a primeira vez que tenho esta manifestação espontânea do Eu (só para entrar já no tema) e, como pertenço àquela classe de pessoas que acha que coincidências nunca devem ser ignoradas...
De qualquer forma, ao constatar esta semelhança entre o meu pensamento e o de um filósofo do século XVI, não posso deixar de sentir-me triste. Há tanta teoria em mim, que às vezes me sinto sufocada. Quando observo o mundo à minha volta, há tanta vida, tantos sorrisos, tantos abraços apertados. Eu, prefiro fechar-me no meu quarto e lêr, pensar, afastar-me dos outros. É estranho confessar-me assim, pois não estou habituada a fazê-lo. Gosto mais de observar, de dizer "muito bem" ou "assim, talvez seja melhor", ou ainda "o Amor é isto e aquilo", etc, etc. Mas, e vivê-lo? E saber como se faz? Não sei. A teoria é tão mais segura. E, no entanto, sei que algo habita no meu coração pois, às vezes, oiço-o bater.
Michel de Montaigne era um melancólico. Seguia rumos incertos, na busca da própria identidade. Ele fazia-o conscientemente. Eu, porém, e aí reside a nossa diferença, faço-o sem disso ter consciência. É na incerteza dos caminhos e nos empurrões do vento, que vou descobrindo a teoria, escondida atrás das árvores, no canto dos pássaros, ou nas constelações.
Talvez quando toda esta teoria chegar a um beco sem saída, eu seja obrigada a deixar de olhar para cima. Talvez descubra que, se olhar para a frente apenas, a teoria perderá todo o sentido no olhar de alguém. Talvez deixe de encontrar-ne no pessimismo de Montaigne e passe a lêr apenas histórias para crianças. Talvez. Espero.
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